segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Acupuntura e I Ching

FONTE: http://harusakisensei.wordpress.com

INTRODUÇÃO
O povo chinês sempre foi conhecido por sua obsessão em organizar as coisas – desvendá-las, defini-las, nomeá-las. Quer se trate de plantas, de pontos de acupuntura ou ideogramas, a preocupação dos chineses segue sempre sendo a mesma: como dispor os dados da realidade de uma maneira ao mesmo tempo agrupada, racional e eficaz.
A arte da observância, a arte do esperar a auto-revelação de cada acontecimento e de cada ser, sua transformação e seus ciclos, seus altos e baixos, seu yin e seu yang em constante alternância sempre foi o mistério por trás de qualquer organização de origem chinesa.  Foi desta mesma forma que o livro das mutações foi criado, organizado e seu nome revelado.
O nome, para o Chinês não pode ser dado, ele é revelado, pois o nome é o enigma que expressa o ser. E até mesmo um nome carrega uma polaridade yin e outra yang, que juntas, formam um ideograma. O ideograma I, como todos os outros ideogramas, carrega uma mensagem (yin) e uma imagem (yang).
A organização do povo chinês era tamanha que até mesmo nas bibliotecas, havia uma ordem em que os livros deveriam ser lidos, e o I Ching era o primeiro deles. Essa informação nos faz deduzir que o I Ching é o livro introdutório e preparatório para qualquer linha do saber chinês.  Seu conhecimento é o fundamento teórico e místico para todos os demais desdobramentos compilados como livros.
Assim, o nome I Ching revela toda a importância do conteúdo do livro, todo o contexto em que surgiu e tudo o que propõe para quem tiver a oportunidade de acessar sua sabedoria.
Há muitos estudos a respeito da origem do ideograma I. De acordo com alguns autores, a origem do ideograma é atribuída a figura de um camaleão, por ser um animal que representa mutação, movimento e adaptabilidade, por se transformar para se defender no ambiente que o cerca. Outros autores atribuem à origem do ideograma o desenho de um sol em cima e uma lua embaixo, representando o constante movimento do nascer do sol e o aparecimento da lua – a constante alternância entre yin e yang.
A palavra Ching ou King significa clássico, texto, tratado, e é o nome dado a todos os livros mestres. Desta forma, identificam-se os princípios do I Ching, conhecido como “Livro das Mutações”, e atingimos a máxima do Tratado, de que “a única coisa imutável é que tudo muda o tempo todo”.

O DESENVOLVIMENTO DO I
No princípio, o só possuía estruturas, os 64 hexagramas de Fu-Hsi, por volta de 2.800 a.C. Durante 1.700 anos o permaneceu assim, somente um mapa de estruturas e sua interpretação era transmitida oralmente.
Por volta de 1143 a.C., o recebeu os comentários sobre os hexagramas escritos pelo rei Wen, conhecidos como O Julgamento, e os comentários sobre as linhas de cada hexagrama escritos pelo duque Chou. E assim permaneceu por mais quase 700 anos.
Por fim, em torno de 500 a.C., o I Ching recebeu As Dez Asas de Confúcio. E, desde então, temos no I Ching o mesmo livro, com os mesmos comentários e estruturas.
Podemos afirmar que seu início se deu 4.800 anos atrás, que passou por transformações por 2.300 anos e que permanece o mesmo há 2.500 anos.
I Ching, por si só, não encerra nenhum significado, é a vida a cada momento que lhe dá significado. A própria história do I Ching revela seu objetivo: representar a continuidade da passagem do tempo através de uma organização de reflexão em 64 momentos, 64 possibilidades de hexagramas, momentos em vias de passar, vagarosamente, quase à velocidade da Grande Reciclagem – 2.300 anos de desenvolvimento e quase 5.000 anos de utilidade.
O elo que existe entre o hexagrama 64 “Antes da Conclusão” e o hexagrama 1 “O Criativo” reafirma a idéia de que não existe fim, mas um impulso a um novo ciclo.

A CRIAÇÃO
Ao refletir sobre a criação do mundo, pode-se pensar em um ponto no nada. É a forma mínima de representar o surgimento de algo, algum fenômeno que passa a existir.
Tendo em vista um dos princípios chineses: nada está estático, tudo muda o tempo todo; ao impulsionar o movimento a este ponto, surge a reta.
Quando há este movimento do ponto, a criação acontece, portanto, temos o surgimento do Yang.
O pulsar do Yang tem um limite, quando o movimento se esgota. Os chineses representaram o limite do Yang através do rompimento no centro desta reta, o tracejado Yin.
A linha inteira, yang, com flechas apontando para fora, é um movimento centrífugo, de expansão, se dirigindo ao exterior. Yin é um movimento centrípeto, voltado para o interior. O movimento de uma linha yang é para fora e no seu impulso máximo ela se rompe ao meio, simples divisão, transformando-se em uma linha yin. O movimento de uma linha yin é para dentro e no seu impulso máximo ela se funde para se transformar em uma linha yang.
Cada uma das formas, chamadas yin e yang, traz consigo uma essência que pode ser relacionada a uma série de princípios: de um lado o princípio Yang pode ser relacionado com o criador, diurno, celeste, paterno, movimento; de outro lado o princípio Yin, terrestre, noturno, materno e repouso. Não existe um lado sem o outro, um separado do outro, ambos são interdependentes. Para existir a concepção do que é frio, há a necessidade de se conhecer o que é calor. Não há neste mundo uma mãe sem ter um pai, a partir do momento que uma pessoa se transforma em mãe, automaticamente há outra pessoa se tornando pai.
Desta forma, há uma aproximação do princípio chinês de que tudo se move, tudo se transforma: o mundo é este constante jogo de alternância entre o Yin e o Yang, em que a predominância de um oposto sobre o outro impulsiona o movimento das dez mil coisas.
Como um pólo não existe separado do outro, não se pode retratá-los em retas separadas, pois desta forma não representariam adequadamente a realidade. Com a necessidade de combinar as retas entre si, os chineses optaram por fazê-lo por superposição.
Esta superposição corresponde às observações da natureza, ao atribuírem o movimento dos vegetais às retas: o crescimento se dá de baixo para cima.
Ao realizar esta combinação, há quatro possibilidades de arranjos, conforme representadas pela figura acima. Estas quatro combinações correspondem aos quatro grandes ciclos da vida:
- as duas linhas cheias, de luz (Yang), o Verão
- as duas linhas de escuridão (Yin), o Inverno
- a linha de luz surgindo no interior da escuridão, a Primavera
- a linha escura surgindo no interior da luz, o Outono
Segue abaixo uma figura que explicita as combinações possíveis dos bigramas e sua ordem de mutação:
A mutação atinge primeiro a linha de baixo, e depois a linha de cima nos bigramas, dispondo a ordem de yin extremo (tai yin) e yang mínimo (chao yang), yang extremo (tai yang) e yin mínimo (chao yin).

OS TRIGRAMAS  & A FAMILIA CÓSMICA
A natureza não dá saltos, e seus fatos são concluídos a partir de variações de um estado ao próximo. Brotar, crescer, amadurecer e morrer são interdependentes e suas inter-relações produzem variações que os bigramas não conseguem expressar. A dinâmica das transições e das transformações que leva uma fase à outra não pode ser descrita com apenas duas linhas, pois as duas linhas expressam o fato consumido, mas falham ao expressar a transição de um estado ao outro. Por esta razão foi necessária a inclusão de uma terceira linha e a formação de trigramas.
A Sociedade do Céu e da Terra, uma sociedade secreta e taoísta, era reservada a uma elite, e se ocupava em formar Tríades, compostas por dois termos complementares e um terceiro termo que é o produto da ação dos dois primeiros, e por isso contém os dois primeiros em si. Os princípios paterno e materno recebem agora uma utilidade, uma manifestação: os filhos. Cada filho representa sua própria natureza unida à natureza de seu pai e de sua mãe, por esta razão, sua representação não poderia ser diferente de três linhas.
Na acupuntura, essa necessidade pode ser compreendida através da tríade dos níveis céu-homem-terra, pois essência (Céu) e substância (Terra) produzem os dez mil seres no nível Homem.  Os dois primeiros são pólos, por isso o nível homem é a síntese dos dez mil seres, é a integralidade da Existência Universal. Essência e substância produzem manifestação – a terceira linha. Nos bigramas não existe manifestação, não existe mediador. O nível homem é o mediador entre o nível céu e o nível terra, é a única forma de comunicação entre eles, de interação entre eles. Tudo o que não está entre o Céu e a Terra não é manifestação, é Vazio. A terceira linha (Filhos) é então a resultante da manifestação da inter-relação e da predominância do Pai (Céu) ou da Mãe (Terra), das relações e manifestações dos princípios yin e yang.
O princípio yin-yang pode ser traduzido por princípio maternidade-paternidade, pois estes termos expressam a interdependência, onde para ser pai, é necessário que haja uma mãe. Assim, a criatividade só se torna ato se houver um receptáculo.
O pai, o criador, o Céu, o yang máximo, dotado de criatividade, força e movimento em seus três níveis depara-se com a mãe, a Terra, o receptáculo estático, resistente, silencioso e misterioso. Aquela que tem a capacidade de dar forma e existência aos seus impulsos criadores. O pai toma a iniciativa, pois a ele pertence o primeiro movimento por ser predominantemente yang.
O pai se move em direção à mãe e desse encontro ocorre uma transformação – a primeira transformação. Como o crescimento vegetal, a primeira transformação se dá no nível terra, no nível mais profundo do pai, de uma forma leve, suave e misteriosa, como o Vento. E assim, nasce a primeira filha, que se expressa no próprio pai como os primeiros traços de suavidade e delicadeza naquele ser expansivo e cheio de energia e movimento.
A mãe, por sua vez, ao encontrar este ser yang pela primeira vez, também passa por uma transformação em seu nível terra. Ela, que estava em silêncio e repouso, ao se deparar com tamanho movimento e estrondo de energia, é transformada de forma brusca, pois este encontro, para ela, foi como um Trovão. E assim, nasce o primeiro filho, que se expressa na própria mãe como os primeiros sinais de expansão e movimento.
A primeira transformação que ocorre nos princípios de maternidade e paternidade se dão no nível terra, na profundidade, como as raízes de uma planta. Desta transformação mútua surge um relacionamento de curiosidade e de querer conhecer mais. Há mais a ser descoberto. E o encontro seguinte se dá no nível intermediário, que na acupuntura chamamos de nível homem.
O pai, ao se dirigir à mãe pela segunda vez, descobre uma transformação em seu núcleo, que é a mais radical transformação do yang – a do querer ficar. Nasce então deste segundo encontro o Fogo. A segunda filha se expressa no próprio pai como uma chama que arde enquanto há combustível e a mãe é o combustível. E assim, o princípio do movimento contínuo decide ficar, gerando permanência e fidelidade.
Deste novo encontro, a mãe também é transformada em seu núcleo, e nasce o segundo filho – o Rio. O segundo filho representa o fluxo do movimento contínuo. A água dos rios se movimenta através do calor do fogo. Desta transformação mútua, surge um relacionamento de estabilidade: movimento e equilíbrio. Entretanto, existe mais um nível a ser transformado para que este relacionamento se complete em auto e hétero descoberta e desenvolvimento.
O pai busca a mãe uma última vez, e deste terceiro encontro ele é transformado em seu nível céu, em seu nível máximo, e a terceira filha nasce, o Lago. A terceira filha nasce em forma de alegria e neste momento o pai se contenta com o que nele foi descoberto.
A mãe também é transformada por este último encontro, ela atinge o ponto mais alto e a Terra chega ao seu ponto mais culminante ao nascer do terceiro filho, a Montanha. Este filho se expressa na mãe em forma de paz.
O pai que representa o Céu, ao transformar-se nos três níveis possíveis, chega ao máximo do yin em seu âmago. Aproxima-se ao máximo da Terra ao transformar-se em Lago. A mãe que representa a Terra, ao transformar-se nos três níveis possíveis, chega ao máximo do yang em seu âmago. Aproxima-se ao máximo do Céuao transformar-se em Montanha. E assim, Céu Terra se encontram em todos os níveis e geram a rosa dos ventos, a Família Cósmica e a Ordem do Céu Anterior de Fu-Hsi.
No céu anterior, cada princípio procura satisfação energético-sexual e dá origem a um tipo de filho ou filha, e o fator determinante é a energia oposta de quem procura. Nos casos dos filhos Chen, Kan e Ken, quem procura é a mãe, a transformação surge na mã, por isso as duas linhas yin dela e uma yang que ela recebe do pai. Nos casos de Sun, Li e Tui, quem procura é o pai, a transformação surge no pai, por isso as duas linhas yang dele e uma yin que ele recebe dela. Essa linha recebida é dominante e determinante.
NomeAtributoImagemFunção Familiar
Ch´ien, o CriativoForteCéuPai
K´un, o ReceptivoAbnegado, maleávelTerraMãe
Chen, o IncitarProvoca o movimentoTrovãoFilho mais velho
K´an, o AbismalPerigosoÁguaFilho do meio
Ken, a QuietudeRepousoMontanhaFilho mais moço
Sun, a SuavidadePenetranteVentoFilha mais velha
Li, o AderirLuminosoFogoFilha do meio
Tui, a AlegriaJovialLagoFilha mais moça
Os filhos representam o princípio do movimento em seus vários estágios: o início do movimento, o perigo no movimento, o repouso e fim do movimento.
As filhas representam a devoção em suas várias etapas: a suave penetração, a clareza e adaptabilidade, e a alegre tranqüilidade.

ORDEM DO CÉU ANTERIOR & ORDEM DO CÉU POSTERIOR
A seqüência do céu anterior de Fu-Hsi:
“O céu e a terra determinam a direção. Montanha e Lago unem suas forças. Trovão e Vento estimulam-se um ao outro. Água e Fogo não se combatem. Assim, os oito trigramas se interligam.” (Shuo Kua, II: 3ª, ou Wilhelm, p. 205)
Shuo Kua significa constelação de trigramas e fala de duas seqüências: a primeira seqüência é atribuída a Fu-Hsi, pois diz a lenda que um cavalo-dragão lhe revelou a imagem da Seqüência Primordial ou Ordem do Céu Anterior, que deu origem à Família Cósmica; a segunda seqüência é atribuída ao rei Wen, Seqüência da Ordem Interna ou Ordem do Céu Posterior. Wen utilizou-se do Quadrado Mágico revelado ao grande herói Yu. Diz a lenda que este herói recebeu a revelação de uma grande tartaruga com a escritura desta ordem em seu casco. A partir desta imagem, Yu reorganizou toda a política da China, e mais tarde, a partir dela, foram desenvolvidas a Ordem do Céu Posterior do I Ching e o Método da Tartaruga Sagrada da acupuntura.
A primeira seqüência, ou céu anterior de Fu-Hi, descreve a ordem do mundo primordial, original, espiritual, potencial, ancestral e invisível. A segunda seqüência, ou céu posterior de Wen, descreve a ordem do mundo secundário, manifesto, atual, visível e resultante. O céu anterior é o potencial latente, não expresso. O céu posterior é a manifestação do céu anterior em movimento.
A primeira seqüência retrata o estado original que é a raiz da psique e do mundo material. É o mundo do Tao. É preexistente, independente, auto-sustentável, e pleno de consciência. Um mundo em que os espíritos vivem em harmonia plena com o Todo. Pode-se comparar esta ordem à energia Jing da acupuntura, que é o potencial pleno, antes de materializar-se.
Wilhelm explica que, “dentro da seqüência primordial, essas forças agem em pares de opostos. O trovão, a força eletricamente carregada, desperta as sementes do ano anterior; sua contraparte, o vento, dissolve a rigidez do gelo do inverno. A chuva umedece as sementes, possibilitando o germinar; sua contraparte, o sol, provê o calor necessário. Em seguida entram em jogo as forças retroativas. A quietude bloqueia qualquer nova expansão: começa a germinação. Sua contraparte, a alegria, gera o contentamento da colheita. Finalmente, entram em jogo as duas forças diretrizes: o criativo, que representa a grande lei da existência, e o receptivo, que indica o abrigo no seio materno, ao qual tudo retorna após o ciclo da vida ter-se completado.”
No céu posterior, o céu anterior deveria se manifestar…, Wilhelm comenta, “Deus se manifesta no signo Incitar; ele faz com que todas as coisas se completem no signo da Suavidade; ele leva as criaturas a se perceberem no Aderir (a luz); ele faz com que elas se ajudem no signo do Receptivo. Ele infundi-lhes contentamento no signo da Alegria. Ele luta no signo do Criativo, esforça-se no signo do Abismal e conduz à plenitude no signo da Quietude.”
Essa nova organização dos trigramas é o que possibilitará o movimento que criará as 10 mil coisas. O mundo manifesto tem leis, portanto hierarquias. A desordem sempre vai querer imperar sobre a ordem, por isso é necessário que haja uma intervenção constante do Tao, para dar sentido à vida, e esta intervenção é a ordem do céu anterior, do número 5 no centro do Quadrado Mágico que deu origem a esta seqüência.
NomeCh´ienK´unChenLiTuiSunK´naKen
Céu AnteriorPaiMãe1º Filho2º Filho3º Filho1ª Filha2ª Filha3ª Filha
Céu PosteriorPaiMãe1º Filho2º Filha3ª Filha1ª Filha2º Filho3º Filho
Céu AnteriorSNNELSESOONO
Céu PosteriorNOSOLSOSENNE

O CÉU POSTERIOR & OS VASOS MARAVILHOSOS
O calendário chinês, que é um calendário lunar, é o registro cronológico mais antigo na história (2637 a.C.). Foi o imperador Huang Ti quem introduziu o primeiro ciclo desse zodíaco no ano 61º do seu reinado.
Baseado nos ciclos de interação entre as energias terrestres e celestes, criou-se a Cronoacupuntura, que utiliza o Zi Wu Li Zhu, (meio dia, meia noite) e o Ling Gui Ba Fa, ou Oito Métodos da Tartaruga Sagrada.
No método Zi Wu Liu Zhu, são utlizados acupontos Su antigos e acupontos fonte. Para a seleção dos Acupontos Su antigos a base não está no I Ching, mas no Zodíaco Chinês.
No método Ling Gui Ba Fa, ou Método da Tartaruga Sagrada, os 8 acupontos confluentes ou maravilhosos são escolhidos a partir de toda uma sintomatologia, que corresponde às características de cada um dos oito trigramas.
Os desequilíbrios energéticos que chamamos de doença apresentam características peculiares que permitem sua classificação em 8 grupos, cada um relacionado a um Vaso Maravilhoso, exigindo que a sessão terapêutica  seja iniciada pelo respectivo ponto chave, que em número de 8, corresponde também aos trigramas de Wen. O Céu Posterior é utilizado porque é o mundo humano – o corpo manifesto.
A natureza nos deu a grande chance de armazenar o excedente de energia Jing adquirida nos Vasos Maravilhosos, como os silos que guardam as colheitas abundantes, para usufruirmos durante a escassez. Os Oito Vasos Maravilhosos guardam energias nutritivas Yong, de defesa Wei e ancestral Jing para irrigar os espaços entre os canais principais de energia. Mais uma vez a manifestação triádica dos movimentos.
Ao determinar o ponto chave de abertura, automaticamente já obtemos o ponto chave de fechamento, uma vez que sempre agem em duplas. Dois trigramas, cada um representando um ponto de Vaso Maravilhoso, sobrepostos, formam um hexagrama, onde o trigrama inferior representa o ponto de abertura e o trigrama superior, o ponto de fechamento.
A associação entre a Ordem do Céu Posterior de Wen e os Vasos Maravilhosos pode ser feita, pois ambos têm a mesma origem e disposição: O Quadrado Mágico revelado ao herói Yu. Yu após esta revelação dividiu o país em nove estados, o governo em nove ministérios e o plantio agrícola em 9 regiões: uma região central e 8 regiões movimentadas, orientadas e direcionadas pela região central. Wen se dispôs deste arranjo para relacionar os trigramas na ordem do céu posterior, lembrando que o 5 é o eixo e representa o céu anterior intrínseco, movimentando todas as coisas manifestas.
Essas 8 famílias e 8 regiões da divisão geopolítica da China milenar representam os 8 trigramas fundamentais, cada qual posicionado dentro das 8 direções da rosa-dos-ventos e o centro determina a rotação da roda.
Os números ímpares representam os poderes celestes e ocupam os 4 pontos cardeais. O 9 é o maior e ocupa o ponto mais alto, por isso ao seu lado estão os números yang menores. 9 é sul e verão, ápice do yang. Quanto maior a presença de yang, menor a de yin. Os números ímpares nos pontos cardeais se dispõem em ordem decrescente. Quanto maior a soma dos números pares, maior é o frio e menor é o calor. O agente central do quadrado mágico é o número 5, que representa o potencial do céu anterior, a energia Jing, o potencial sagrado de origem ancestral.
Quando associamos a inscrição do quadrado mágico à ordem do céu posterior, às estações do ano, aos 5 movimentos e aos Vasos Maravilhosos do método da Tartaruga Sagrada, obtemos o seguinte quadro de correspondências:
4
SUN
1ª FILHA
VENTO – SUAVE
ELEMENTO MADEIRA
VB41
9
LI
2ª FILHA
FOGO – ADERIR
ELEMENTO FOGO
P7
2
KUN
MÃE
TERRA – RECEPTIVO
ELEMENTO  FOGO
R6
3
CHEN
1º FILHO
TROVÃO – MOVIMENTO
ELEMENTO MADEIRA
TR5
5
ELEMENTO TERRA
7
TUI
3ª FILHA
LAGO – ALEGRIA
ELEMENTO ÁGUA
ID3
8
KEN
3º FILHO
MONTANHA – SERENIDADE
ELEMENTO METAL
CS6
1
KAN
2º FILHO
ÁGUA – PERIGO
ELEMENTO ÁGUA
B62
6
CH´IEN
PAI
CÉU – CRIATIVO
ELEMENTO  METAL
BP4

O Céu é BP4; a Montanha é CS6. Então BP4 é um trigrama que se combina o trigrama CS6, formando um hexagrama. O Lago é ID3; a Água é B62. O Vento é VB41 e o Trovão é TR5. O Fogo é P7 e a Terra é R6.
O Vaso Maravilhoso TR5-VB41 é utilizado para as síndromes de falta de força, energização em casos de esgotamento, TR5 é o Trovão, é como se inseríssemos a força do trovão, essa carga de movimento, o primeiro movimento para aquele que se encontra no máximo da estagnação.
VB41
TR5
O Vaso Maravilhoso VB41-TR5 é utilizado para as síndromes do Vento, tremores, dores e contraturas musculares, elemento Madeira, e VB41 é o Vento. Esse casal age dentro do elemento Madeira, músculo, dores, olhos, fadiga, contraturas, anemias de origem hepática e tremores.

R6-P7 é utilizado para distúrbios ginecológicos e obstétricos, também é acelerador de yin, proporciona, portanto, uma interiorização. R6 é a mãe, o máximo do feminino e o princípio materno- terra. A dupla do elemento fogo, que é a emoção da alegria, que aquece a água e controla o metal. O fogo, para a cultura oriental, também representa a família.
P7
R6
O Vaso Maravilhoso P7-R6 é utilizado para problemas respiratórios e pulmonares. O Pulmão é elemento metal e a tristeza é sua emoção. Utilizamos P7, que é Li, o Fogo, a lealdade e o sentimento de querer ficar para alimentar o vaso.

O Vaso Maravilhoso CS6-BP4 é utilizado para transtornos emocionais e circulatórios. Seu símbolo é a Montanha. CS6 é a serenidade e é utilizado em sintomas de nervosismo, angústia, apreensão, depressão, medos, pesadelos, timidez.
BP4
CS6
O Vaso Maravilhoso BP4-CS6 é utilizado para problemas digestivos que envolvem distúrbios intestinais do metal, que é o elemento desta dupla. BP4 é o pai, o céu, o máximo do yang e do movimento de expansão e para fora, por isso é utilizado para dar movimento ao sistema digestivo.

O Vaso Maravilhoso ID3-B62 é de ação psíquica e trata alucinações, medos, nevralgias, problemas dentários e dores ósseas – tudo relacionado ao elemento Água desta dupla de vasos. ID3 é a Alegria, o contentamento, o Lago, a água tranqüila.
B62
ID3
B62 é acelerador de yang, o Rio, a água, que representa o perigo, pois traz consigo a idéia da fluidez. Trata dores e sintomas que tendem a piorar, que oferecem o perigo.

QUANDO UM SÁBIO CONSULTA O  I
Nos momentos de repouso, o homem superior considera os símbolos e medita sobre os comentários. Nos momentos de ação, ele considera a mutação e medita sobre os oráculos. I Ching, “Grande Comentário”, 1ª parte, cap. II.
O I Ching não prediz o futuro, apenas capta as vibrações do presente, que caminham de um passado. Arremessar uma bola, sabendo de onde ela saiu e sua velocidade e seu ponto no momento de análise, certamente se sabe onde ela irá cair.
Ao contrário de toda vidência, o I Ching não prediz o futuro, ele apenas sabe analisar o presente. Seu uso não permite que se façam prognósticos, mas diagnósticos. Permanecendo na esfera chinesa, pensando na tomada de pulso da acupuntura, é o que acontece quando um hexagrama é apontado. Esta é a técnica que permite a obtenção de informação com respeito à organização yin/yang latente em alguém em um determinado momento.  O médico acupunturista utiliza o pulso para determinar o tratamento apropriado não só para o paciente, mas para a estação do ano. Do mesmo modo, aquele que consulta o I Ching, utiliza-o de modo a adotar a atitude mais apropriada conforme um determinado momento em uma determinada situação, em função da maneira como nela estamos implicados.
O que o I Ching analisa é nós mesmos e por isso pode ser comparado a uma tomada de pulso na acupuntura. Essa análise é fundamentalmente energética e só tem sentido numa perspectiva dinâmica, de ação. O I Ching não é uma técnica de introspecção, é uma incitação à ação. É um manual de estratégia.
Perguntar ao I Ching se um projeto terá sucesso implica adivinhação. Deve-se perguntar ao Livro das Mutações como se deve fazer para este projeto dar certo. Ele irá propor a estratégia mais apropriada levando em conta o projeto, você e o momento em que você se encontra.  Que devo fazer para chegar lá, como chegar lá, ferramentas necessárias. Como na acupuntura, o médico determina o tratamento a ser feito, ele decide a necessidade do paciente e os tratados de acupuntura fornecem as ferramentas a ele. Ele leva em conta os sintomas, o reequilíbrio energético, etc, tudo para devolver seu paciente ao caminho do meio, entre o céu e a terra, para que estes possam se manifestar nele. Assim é o I Ching.
Um confucionista estabelece sua própria meta e só consulta o I Ching no que concerne aos meios de alcançá-la. Um médico da tradição chinesa estabelece a própria meta de tratamento e só consulta os tratados de acupuntura no que concerne aos meios de alcançá-la.
Reza a tradição espiritual da velha China que são dois os momentos recomendados para se consultar a sabedoria do I Ching:
  • Em ocasiões de tranqüilidade ou repouso, momento reservado para o estudo, para buscar experiência e sabedoria de vida, contemplando a dinâmica dos hexagramas e meditando sobre os comentários.
  • Quando se vai agir ou empreender algo. Receber conselho pelo qual a conduta deve ser orientada. Devem ser consideradas as mutações do hexagrama e meditar sobre as respostas assinaladas nos textos.
Ao se consultar o I Ching deve-se manter uma atitude mental adequada. É necessário agir perante o com espírito de humildade desejando ardentemente aprender e buscando sempre o interesse maior pela vida, em proveito do crescimento individual e coletivo. O oráculo não falha, o nosso entendimento que muitas vezes é turvo e confuso. A primeira grande dificuldade é saber o que buscamos. O processo consciente conduz até a formulação da pergunta. O processo inconsciente começa na divisão das varetas e vai até a interpretação do oráculo. O Itranscende espaço e tempo. O I ajuda o consulente a expandir seu perímetro, saber o que ele já sabia, mas não havia tomado consciência.
I não omite os passos do nosso aprimoramento, corrige os erros que cometemos, não tem piedade diante do erro. O I afirma que não basta querermos servir, é necessário nos submetermos ao treinamento ou aprimoramento interior exigido. O Iconsidera o presente como um conjunto de possibilidades que mudam segundo as influências cósmicas do momento de cada pessoa e para cada pergunta formulada e sugere um determinado comportamento. As respostas surgem do interior do próprio ser. Aquele que pergunta é também quem responde, daí a importância crucial da formulação da pergunta. O valor da questão é o que dá conteúdo à resposta. Fornece a resposta na medida da sua compreensão. Faça a pergunta certa. O I age de modo a sempre completar os opostos. Perguntas yang atraem hexagramas yin e vice-versa. Devemos procurar o I como um sábio amigo. Ele revelará o estado mental em que nos encontramos em determinado momento.
No I Ching, não se espera pela sorte, parte-se de encontro a ela. O que fazer para melhor me adaptar, pois a função de todas as coisas é adaptar-se. É mais simples obedecer.

O RITUAL DA CONSULTA
  1. Usava-se um corte de seda virgem para envolver o livro.
  2. Uma caixa de madeira para acondicionar as varetas que jamais tivessem servido outra finalidade.
  3. O livro jamais era guardado a uma altura superior à de seu dono, contra a idolatria, pois quem responde é quem pergunta.
  4. I é colocado em uma mesa voltada para o sul, a região do Sol, e no centro do aposento.
  5. Na mesma mesa ou em outra mais baixa fica o incenso.
  6. O consulente deve colocar-se de frente para a mesa, voltado para o norte.
  7. Realizar 3 kowtows (prostrações até o chão) e de joelhos acender o incenso que simboliza o elemento purificador e a perseverança, pela constância que queima.
  8. Apanhar as 50 varetas, segurando-as horizontalmente com a mão direita, passar 3 vezes pela fumaça do incenso, girando-as no sentido horário. Enquanto isso, recitar oral ou mentalmente a pergunta preparada previamente para afastar todos os outros assuntos da mente.
  9. Terminada a consulta, o consulente se despede do livro com prostração tripla.
Pode-se enxergar o ritual da consulta de acupuntura, onde utiliza-se um corte de pano limpo para que o paciente se deite. Um tubo onde as agulhas sejam guardadas que nunca tenha tido outra utilidade. O acupunturista deve estar voltado para o sul, enquanto o paciente deve estar voltado para o norte.
Um bebê, em seus primeiros meses de vida, mantém a cabeça apontada para o norte, como uma bússola. Nesta fase da vida, receber energia é primordial. Da mesma forma, tanto o consulente do I Ching, quanto o paciente da Acupuntura buscam receber energia, por isso devem voltar-se para o norte, como ponteiro da bússola que aponta a direção certa.
O equilíbrio não é estático, é um ponto de passagem no eterno movimento das coisas e fenômenos. Os ritos, para os chineses, sempre permitiam ao homem saber onde se apoiar, posicionar-se justamente entre o céu e a terra. Desta mesma forma, o ritual do I Ching e da própria Acupuntura podem ser entendidos como a eterna busca do homem pelo encontro com um equilíbrio energético ou direcionamento entre o céu e a terra, pois somente assim, a manifestação ocorre.

MÉTODO DE CONSULTA COM AS VARETAS DE MILEFOLIO
A virtude das varetas de caule de milefólio é redonda e celeste. A virtude dos hexagramas é quadrada e sábia. O sentido das seis linhas é informar sobre a mutação. I Ching, “Grande Comentário”, 1ª parte, cap. XI
Utiliza-se um conjunto de 50 varetas de caule de milefólio. Antes de toda e qualquer manipulação, uma vareta é retirada do feixe e colocada à parte. Ela representa a unidade última. A seguir, concentrando-se na pergunta formulada, divide-se o feixe aleatoriamente em duas partes, uma representa o yin e a outra o yang. Retira-se uma vareta de um dos dois montinhos de varetas – símbolo do ser humano entre o céu e a terra, e se coloca entre o dedo mínimo e o anelar. Começa a contar um dos montes de varetas de quatro em quatro, para evocar as quatro estações, até que sobrem 4, 3, 2 ou 1 vareta. Colocam-se estas varetas restantes entre o dedo anelar e o dedo médio. A seguir, conta-se o outro monte de varetas do mesmo modo, e coloca o restante entre o dedo médio e o indicador. Reunem-se então todas as varetas contidas entre os dedos, colocando-as de lado. Todas as varetas restantes são reunidas num novo feixe que é novamente dividido e contado da mesma forma. O segundo resultado obtido é colocado ao lado do primeiro grupo. As varetas restantes são reunidas pela terceira vez e feito o mesmo processo. O terceiro resultado é colocado ao lado dos anteriores. Temos agora um restante final de 13, 17, 21 ou 25 varetas. 13 é yang mutante, 21 é yang estável, 17 é yin estável e 25 é yin mutante. O que permite saber a natureza e a qualidade da primeira linha do hexagrama. A operação é feita mais 5 vezes para se obter as seis linhas do hexagrama.
Encontra-se então a partir das linhas mutantes, o segundo hexagrama, para determinar a evolução daquele momento, o que chegará a conclusões mais precisas, que determina a seqüência evolutiva a partir da seqüência resultante.
Um tempo yin, um tempo yang – a isto chama-se Dao.
I Ching, “Grande Comentário”, 1ª parte, cap. V

ETAPAS DE INTERPRETAÇÃO DOS HEXAGRAMAS
  • Identificação dos trigramas: inferior, superior e nucleares (inferior e superior).
Trigrama inferior: linhas 1, 2 e 3. Linhas caracterizadas como vindo.
Trigrama superior: linhas 4, 5 e 6. Linhas caracterizadas como indo.
Trigramas nucleares: linhas 2, 3 e 4 no trigrama nuclear inferior; e linhas 3, 4 e 5 no trigrama nuclear superior. Porque a 1ª linha é a intenção sem entrar no campo de ação; e a 6ª linha representa a retirada da situação.
  • Determinar a natureza dos trigramas: se ascendente ou descendente.
A situação apresentada pelo hexagrama como um todo é chamada de o tempo. Esvaziamento ou plenitude produzidos pelo movimento no tempo.
  • Determinar a natureza das linhas de acordo com sua posição no hexagrama.
Para interpretar os hexagramas, verifica-se que cada posição é repleta de significados. Deve-se começar a interpretar as linhas de baixo para cima.
1ª: Iniciante / Principiante / Ajudante / Pupilo / Sensação
2ª: Funcionário / Operário / Pensamento
3ª: Autoridade / 1ª Posição de Comando / Emoção
4ª: Ministro / Braço direito do Governante / Corpo
5ª: Governante / Príncipe / Homem de atividade no campo externo / Mente
6ª: Imperador / Sábio / Conselheiro / Espírito
Cada linha contém também uma característica associada que diz respeito à continuidade: há linhas yang e yin podem ser estáticas ou móveis, conforme abaixo:
Chao YangForte / Estático / JovemPrimavera7
Tai YangMóvel / Maleável / VelhoVerão9
Chao YinForte / Estático / JovemOutono8
Tai YinMóvel / Maleável / VelhoInverno6
Para as linhas estáticas que são jovens e permanecem são atribuídos os números do meio, 7 e 8. Indicando que tal significado atribuído à linha correspondente tende a permanecer estável. E para as linhas móveis que estão prontas para se transformar, são atribuídos os números das extremidades, 6 e 9. Indicam que o significado tende a uma transformação ou inversão energética, provável evolução.
A correlação entre posição e natureza das linhas deve ser interpretada da seguinte forma:
A 1ª linha corresponde à 4ª, a 2ª linha corresponde à 5ª e a 3ª linha corresponde à 6ª. A correspondência favorável é sempre que uma delas seja maleável e a outra forte.
A correlação mais importante está entre a 2ª posição, que representa um funcionário no interior do país, com relação direta ao príncipe na 5ª posição. Estas linhas representam a relação pai e filho, marido e mulher, governante e funcionário. É mais favorável um funcionário forte corresponder a um governante maleável. Menos favorável seria um governante forte e um funcionário maleável. Quando ambos são maleáveis ou fortes, a situação é desfavorável. Porém seria ainda mais favorável se houvesse o governante da 5ª linha forte e o ministro da 4ª linha maleável.
A 3ª posição representa um nível de transição e a 6ª linha representa uma finalização. Quando a 3ª e 6ª linhas são maleáveis, significa que o sábio pode cair na tentação da imaturidade da 3ª linha e transformar-se nela. É o sábio desprezando sua vivência. Quando a 3ª e a 6ª linhas são fortes, significa que o sábio de espírito elevado pode cair na arrogância e desenvolver soberba em relação ao conhecimento que possui. Ambas situações são desfavoráveis, pois a única relação favorável é quando a 6ª linha é maleável e a 3ª é forte. Neste caso, o sábio ensina à primeira autoridade, dando o exemplo de que a ascensão é adquirida pela flexibilidade, adaptabilidade e tempo.
Pode haver também uma correlação entre a 1ª e a 4ª posição: uma linha maleável na 4ª posição se relacionando com uma linha forte na 1ª pode ser favorável, ao indicar que um ministro obediente procura ajudantes capazes em nome de seu governante; e pode ser desfavorável ao indicar também uma intimidação por parte do ministro com relação a homens de posição inferior.
Uma linha correta se encontra em uma posição que lhe corresponde: linha firme na 1ª, 3ª ou 5ª posição, pois os números 1, 3 e 5 são yang; ou maleável na 2ª, 4ª ou 6ª posição, pois os números 2, 4 e 6 são yin. Quando o tempo requer firmeza, as linhas firmes são favoráveis; quando o tempo requer maleabilidade, as linhas maleáveis são favoráveis.
  1. Ler sobre os atributos adicionais dos trigramas básicos e nucleares.
  2. Anotar os comentários de Wen, Chou e Confúcio;
  3. Começar pacientemente a análise.

CONCLUSÃO
Dentro de um objetivo de encontrar pontos em comum entre o I Ching e a Acupuntura, nos deparamos com uma vasta gama de correlações, similaridades e associações. Encontramos respostas para a origem de diversas técnicas de acupuntura, que a própria medicina chinesa, em seu maior clássico, não oferece explicações. Em contrapartida, o I Ching fornece lógica, costurando os retalhos da Acupuntura.
De acordo com a tradição, tanto o I Ching quanto a Acupuntura não devem fornecer respostas prontas ou simplesmente tratar sintomas, mas devem devolver o homem para seu momento, a sua posição entre o céu e a terra e, portanto, seu reequilíbrio. O consulente do I Ching e o paciente da Acupuntura recebem direcionamento, reflexão, aconselhamento e orientação. O foco de ambos é devolver ao homem o poder de reagir, o homem torna-se responsável por seu reequilíbrio energético e situacional. O ritual de ambos oferece a oportunidade para o homem de se interiorizar, entender o que está acontecendo consigo, encontrar a causa e origem de seu sofrimento.
Nos tempos de hoje, o homem busca apenas por resposta e cura de seus sintomas, sendo que estas respostas são externas a si, algo que seja rápido, fácil, barato e que não precise dispender de tempo para pensar.
O conhecimento do I Ching chegou ao Ocidente por intermédio de Richard Wilhelm em 1923, portanto, nós ocidentais não conhecemos nem há 100 anos e mesmo assim já alteramos a forma de acessá-lo. Antes, um longo ritual que era realizado por intermédio de queimas de ossos, varetas de milefólio, agora é por meio de moedas e um clique rápido de mouse em um site de internet. Bem como algumas sessões de Acupuntura de duração de dez minutos, com aplicações de agulhas apenas em pontos sintomáticos, baseadas em receitas prontas.
O que nós acupunturistas, que buscamos a tradição, podemos fazer é resgatar e difundir a importância das origens e dos conceitos primordiais da acupuntura. Esse conhecimento, além de explicar os fundamentos da medicina chinesa, nos oferece a possibilidade de desenvolver técnicas novas que se adaptem ao momento em que vivemos e à situação peculiar de cada paciente.
Para aqueles que buscam a origem e fonte de todo pensamento chinês, seja Acupuntura, Tai Chi ou o Zodíaco Oriental, o I Ching é a resposta e o livro introdutório de toda a manifestação do movimento entre o Céu e a Terra que se materializa em nós, o Homem. Seu desenvolvimento e atualização através dos tempos elucidam sua capacidade de transformação, de mutação e de adaptação – o I Ching é definitivamente o clássico camaleão que se adapta às mudanças ao longo dos tempos.

REFERÊNCIAS
  • Wilhelm R. I Ching.
  • Javary C. O I Ching – Livro do Yin e do Yang.
  • Martins JD. A Metafísica do I Ching.
  • Inada T. Vasos Maravilhosos e Cronoacupuntura.
  • Cordeiro A. Acupuntura E.
  • Guénon R. A Grande Tríade.
  • Dr. Evaldo Martins Leite e Prof. Gustavo Correa Pinto – Simpósio Comemorativo ABA: Acupuntura e I Ching .