terça-feira, 18 de novembro de 2014

Viver ou Sobreviver

Sempre me pergunto porque precisamos de tantas defesas. Assim que começamos a estudar psicologia percebemos que nossos maiores problemas surgem, muitas vezes, dos nossos mecanismos de defesa. Eles são engenhosos, fortes - são nossos salva-vidas.
Fazem parte do instinto de sobrevivência, mecanismos inconscientes e repetitivos como respirar, a circulação do sangue no corpo, os processos incessantes do cérebro que coordenam nossos hormônios, etc. Estamos falando de forças relacionadas à existência na matéria, porque para o espirito não existe a morte, o fim ou algo parecido, portanto não tem do que se defender.
Pensando em movimentos inconscientes o coração é um ótimo exemplo! Ele está vivo, pulsando no seu peito e você não precisa estar consciente disso para ele fluir, ser o que ele é. Nosso coração pulsa em um ritmo único, livre e constante - graças a Deus. Portanto sem esse aspecto da existência, ou seja, mecanismos controlados por um sistema inteligente e involuntário - não poderíamos sobreviver.
A importância de saber se defender é inquestionável, já que estamos vivendo em um ambiente muitas vezes hostil - física e emocionalmente. O problema não está aí. Ele nasce quando a defesa, que por natureza é inconsciente, se torna mecanicamente ativa e constante nos apartando de escolhas conscientes e mais bem adaptadas.
Mas não podemos esquecer do outro lado, os movimentos conscientes e criativos regidos pela mente consciente e auxiliados pela inteligência maior, ou seja uma inteligência que não está baseada na memória apenas.
A consciência é viva, livre, criativa e luminosa, o que me faz lembrar de uma fogueira e suas chamas que mais parecem seres vivos, dançando e subindo ao Céu. Essa força que está à nossa disposição se manifesta para que sejamos únicos, para que possamos realizar nossa essência e mostrar ao mundo algo nunca visto antes, nem em nossos sonhos.
Olhando tudo isso percebemos que os movimentos insconscientes e repetitivos regem a sobrevivência e a consciência está a serviço da Vida e do viver.
Os mecanismos de defesa sejam eles precoces (primeira infância) ou tardios nos tiram a espontaneidade, liberdade e fluidez. Sempre que você se sentir tenso, duro, constrangido, envergonhado saiba que um mecanismo de defesa está ativo e você não está consciente disso e muito menos no comando de seus pensamentos e ações.
A perda de autonomia é impressionante e junto com ela vem a queda de produtividade e principalmente da criatividade. Juntamente com a tensão nasce a dor, portanto paramos, estagnamos. Quando nossas defesas estão ativas nós passamos para o domínio do trauma, do predador intrapsíquico. Estamos no reino das trevas - já que podemos relacionar luz à consciência e sua falta à escuridão.
Observe como repetimos inúmeras vezes a frase “eu não queria dizer isso, ou eu não percebi”. Percebe que isso está sinalizando perda de autonomia e afastamento da consciência? Lapsos de memória, atitudes impulsivas, tensões dolorosas, medos inexplicáveis entre outras coisas funcionam como uma sirene. São um alerta - a luz vermelha piscando para que possamos enxergar que algo está aprisionado no nosso mundo interior.
Existem muitos prisioneiros e quanto maior for o número deles mais alto será o som da sirene. Esses prisioneiros podem se chamar: espontaneidade, alegria, amor, raiva, medo. São muitos os nomes, mas nasceram de uma única fonte - a Vida!
Os mecanismos de defesa, em algum momento nos salvaram da morte - real ou psíquica, que se manifesta como loucura. Eles entram em cena sempre que ameaças surgem e aqui começam grande parte de nossos problemas. Esses mecanismos não são flexíveis, não mudam e estão a serviço da sobrevivência. Deixamos de viver e passamos a sobreviver quando estamos sob seu domínio, por isso tudo se torna tão rígido, desconjuntado, tenso e dolorido.
Para viver precisamos de espaço de encontros, trocas e muito afeto. Não adianta alimentar a vida com artificialidades secas, trincadas de crítica e desamor. Precisamos estar mais atentos a nossa falta de espontaneidade e fluidez. A atenção é a ferramenta primordial da consciência.
O que eu quero dizer com tudo isso é que, sim somos seres cheios de traumas, dores e desamores, mas não precisamos mais ficar presos no estilo - sobreviventes e cheios de orgulho disso. Os mecanismos de defesa são necessários mas não podemos ser reféns deles. Precisamos estar conscientes de nossas travas, buracos, celas e correntes. Atentos ao seus sinais, sons e alertas podemos conquistar mais autonomia e fluidez. Sair da sombra, habitar cada canto de nosso ser e Viver!
Karina Paitach

terça-feira, 22 de julho de 2014

Vitória da Psicologia

Vitória da Psicologia - PL das 30 horas aprovado na CCJC!

Temos 15 dias para mandar manifesto aos ministros.

Sanciona, Dilma! 

Estamos a um passo da aprovação da lei que reduzirá a jornada de trabalho da/o Psicóloga/o para no máximo 30 horas semanais.

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania - CCJC aprovou hoje, por unanimidade, o Projeto de Lei 3.338/08, que regulamenta a jornada de trabalho de profissionais de Psicologia em 30 horas semanais, sem redução de salários.

A redução da jornada se trata de uma reivindicação antiga da categoria, da FENAPSI, do Sindicato dos Psicólogos e do Conselho de Psicologia.

Caso não sejam apresentadas emendas ou recursos nas próximas cinco sessões, o PL seguirá para sanção da presidenta da República, Dilma Rousseff. Se sancionada, a medida vale para toda/o profissional contratada/o como psicóloga/o em território nacional.
Vamos continuar unidos nesta luta!

Clique aqui para enviar o Manifesto aos ministros.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

GESTANDO ALMA

Esse corpo é um grande útero e nele está sendo gestada nossa alma. Nascemos todos grávidos e essa gestação demora. Com isso acaba a briga entre homens e mulheres, somos todos mãe e pai – de nós mesmos!
O corpo é matéria (terra) e líquidos (água), geradores de vida - vitalidade e força estes elementos são a base, o substrato onde nos desenvolvemos. Tudo o que consumimos se torna uma parte integrante de nós. Refiro-me principalmente a aquisição de hábitos destrutivos. Com isso consigo incluir tudo de uma só vez. Alimentação, pensamentos, exercício, música, tudo é importante.
Muito do que fazemos e consequentemente consumimos são hábitos compulsivos inconscientes dirigidos por nossos complexos.
Digo compulsivo e gosto da força e peso desta palavra porque são hábitos que repetimos e repetimos todos os dias. E falo de complexo pensando na psicologia junguiana, emprestando a ideia de autonomia e inconsciência. Vamos aprofundar.
Somos seres em formação. Estamos na verdade alimentando e criando a vida da alma e ela participa ativamente deste processo. Estamos grávidos como me referi acima. Quando vemos uma mulher grávida fumar qual é nossa reação? Ficamos chocados, e isso vale para muitas outras coisas. Todo ser humano tem um senso do que é bom ou não para as mulheres grávidas e sabemos disso com muita facilidade.
O que me ocorreu um dia destes é que todos, todos nós somos “mulheres grávidas”, mas fumamos, bebemos, ficamos extremamente nervosos e isso tudo faz muitíssimo mal a nossa criança-alma-interior. Por que continuamos? Por que não paramos de nos agredir e agredir o outro? Com esse questionamento pensei sobre os nossos hábitos compulsivos orquestrados por complexos certamente inconscientes.
Os complexos na teoria junguiana são aglomerados, aglutinações de experiência, vivências, eventos, fatos energizados, extremamente potencializados por emoções negativas ou não. Esses aglomerados se unem por temas, existe uma ordem. O tema é a linha central, a espinha dorsal do complexo. Por falar em espinha dorsal essa “coisa” tem vida, energia e claro uma certa autonomia.
Neste momento você pode até sentir um friozinho na barriga. Quanto maior for a nossa inconsciência a respeito da existência dos complexos mais autônomos eles serão. E isso explica muita coisa. Ao meu ver os hábitos são os veículos que alimentam os complexos tornando-os mais fortes e energizados.
Vou dar um exemplo que vai facilitar o entendimento. O famoso, extraordinário conhecido mundialmente Complexo de Inferioridade! Assim que recebemos nosso boletim escolar, muitas vezes bem antes disso, nasce a ideia de que aquela nota vermelha está realmente dizendo que somos ruins e inferiores quando nos comparamos com os outros. Claro que existem pessoas que tiram notas maravilhosas e se saem muito bem na escola, para essa temos o Complexo de Superioridade, porque elas também acham que um número é capaz de dizer algo sobre ela. Apenas o tema é diferente, mas a construção de habito é igual.
Continuando na nossa história a nota vermelha vai se unir ao evento do fora que você levou do seu amado (a) e por “coincidência” naquele ano seu rosto se encheu de espinhas e você recebeu um apelido “carinhoso” dos seus amigos. Pronto, já temos um corpo inteiro. Depois de tudo isso acontecer, sem perceber você começa a comer por angustia, vazio, tensão e medo.
Temos o complexo e um hábito instalado, acho que não preciso dizer no que isso vai resultar. É um exemplo simples, mas muito útil. Imaginem que nossos complexos são muito mais ‘complexos’ que isso. Aí reside toda a nossa dificuldade, o hábito deixa nosso personagem obeso e a obesidade alimentará o complexo de inferioridade com muita energia, fechando um ciclo de automanutenção. A autonomia surge da quantidade de conexões, relações que o complexo faz com o todo do indivíduo. O que eu estou querendo dizer é que nós, de diversas maneiras nos identificamos com ele, nós o mantemos vivo.
Chamo a atenção de todos para isso. A única força capaz de desbancar um complexo e junto com ele muitos hábitos maliciosos é a Consciência, uma tomada de consciência tão profunda que seja capaz de exteriorizar as emoções nele aglomeradas. Por isso utilizei a força da imagem da mulher grávida. Quem em sã consciência ofereceria um copo de cerveja para uma gestante? Acredito que ninguém.
Agora peço que todos se sintam intensamente e verdadeiramente grávidos das suas almas e talvez isso ajude cada um de nós a adquirir uma consciência maior da nossa responsabilidade enquanto gestadores de Alma.
KARINA PAITACH - Psicóloga e Acupunturista
Fonte: http://www.alumiar.com/index.php/saude/51-psicologia/1510-gestandoalma
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Texto foi traduzido para o Inglês pelo meu amigo L. Roberto!!! 
Obrigada querido!!!!!
Foto: L. Roberto


TEXT BY KARINA PAITACH
With orientation Jungian, +Karina Paitach  is a psychologist specializing in Acupuncture Systemic Anesthesia and Analgesia by acupuncture.
Thank you very much for sharing Karina! Good Morning, Everyone!
Music: Thievery Corporation - Depth of My Soul (Lyric Video) ft. Shana Halligan )

GESTATING THE SOUL

Our body is a great uterus... and in its inner our soul is being generated. We all are born pregnant... and our gestation takes time. Thus, no more discord between men and women... we all are father and mother of ourselves.

The body is matter (earth) and liquid (water), generator of life, vitality and strength. This elements are the ground, the substrate where we develop. And everything which we consume becomes part integrated of us. I talk specially about destructive habits. In this way I might to include in only once... food, thoughts, exercises, music... everything is important.

Much about what we do, and consequently we consume, are unaware compulsive habits, driven by our complexes.
I tell 'compulsive' and I like the strength of this word, because those are habits which we repeat over and over... every day.
And I talk about 'complexes' referring to the Jungian psychology, borrowing the idea of autonomy and unconsciousness. Let's talk deeper about it.

We are being in development. We are, in fact, feeding and creating the soul, its life. And the soul participates actively of this process. As I told before, we are pregnant. When we see a pregnant woman smoking, what is our reaction? We get shocked and the same for several other things alike. We all have easily a notion about what is good or not for a pregnant woman. Then, one day it came in my mind... everyone is like a 'pregnant woman'. But we smoke, we drink (alcohol), we get nervous... and all this things make a huge damage to this soul- baby. Why we keep doing it? Why we can't stop aggression against ourselves, as well as with the other? Thus, I thought about our compulsive habits orchestrated by unconscious complexes.

The complexes, according to the Jungian theory, are agglomerated, a blend of experiences, events, energized facts and extremely increased by emotions, negative or not. These agglomerated are joined by themes, and they have an order. This theme is the axis... the dorsal spine of the complex. And it has own life, energy and autonomy.

Perhaps you got chills, at this moment. More we are unconscious about this complexes, more autonomous they will be. And this can explain many things. So, I mean that the habits are the vehicles which nourishes these complexes, and they become stronger and energized.

I will give you an example to make it clear. The famous, extraordinary and worldwide known inferiority complex! Since we take our report card (scholar scores), frequently we accept with anticipated idea that a red score is telling about us that we are not good ... we are inferior, comparing us with others. Sure, there are some people getting great scores, with an admirable scholar performance. And those people will get the superiority complex, since they also believe that these numbers can say actually much about themselves. Just the theme is different, but the habit construction is the same.

Thus, the red score will be mixed with the fact of your girl/boyfriend left you and coincidentally that year your face got filled by pimple, what make your friends found a funny nickname for you. You see... now we have a whole situation done. You start eating without control... anguished, empty... afraid.

Now, we have a complex of a habit installed... and I think not necessary tell you how it will finish. This sample is simple but useful. Our 'complexes', in fact, are much more complicated than this... and there is situated our difficulty. The habit make our character obese and this obesity will nourish the inferiority complex with more and more energy, closing an autonomous cycle. This autonomy appears from those several connections... relations made by the 'complex' with an individual. What I mean is that we get identified in several ways, keeping this complex alive.

It's important to know that getting aware about the complex, can break down it, as well as bad habits... a deep conscience which will be able to externalize the emotions agglomerated on this complex. This is the reason I used the pregnant woman as image. Who, consciously, would offer a beer glass to a pregnant woman? I believe that no one.

Now, I ask to everyone feel pregnant of your soul... because perhaps it can help us to get more aware, concerning our responsibility as a soul generator.

Karina Paitach.

(The original here:http://karinapaitach.blogspot.ca/2014/07/gestando-alma.html )
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