Ele cresce quando estamos contentes, encolhe pela metade quando nos estressamos e mais ainda se adoecemos. Esta característica iludiu durante muito tempo a medicina, que só o conhecia através de autópsias e sempre o encontrava encolhidinho. Supunha-se que atrofiava e parava de trabalhar na adolescência, tanto que durante décadas os médicos americanos bombardeavam timos adultos perfeitamente saudáveis com megadoses de raios-x, achando que seu tamanho “anormal” poderia causar problemas.
Mais tarde a ciência demonstrou que, mesmo encolhendo após a infância, continua totalmente ativo: é um dos pilares do sistema imunológico, junto com as glândulas adrenais e a espinha dorsal, e está diretamente ligado aos sentidos, à consciência e à linguagem. Como uma central telefônica por onde passam todas as ligações, faz conexões para fora e para dentro. Se somos invadidos por micróbios ou toxinas, reage produzindo células de defesa na mesma hora.
Mas também é muito sensível a imagens, cores, luz, cheiros, sabores, gestos, toques, sons, palavras, pensamentos. Amor e ódio o afetam profundamente. Idéias negativas têm mais poder sobre ele do que vírus ou bactérias já que não existem em forma concreta, o timo fica tentando reagir e enfraquece, abrindo brechas para sintomas de baixa imunidade como herpes, por exemplo. Em compensação, idéias positivas conseguem dele uma ativação geral de todos os poderes, lembrando a fé que remove montanhas.
Um teste simples pode demonstrar essa conexão. Feche os dedos polegar e indicador na posição de OK, aperte com força e peça para alguém tentar abri-los enquanto você pensa “estou feliz”. Depois repita pensando “estou infeliz”. A maioria das pessoas conserva a força nos dedos com a idéia feliz e enfraquece quando se pensa infeliz. (Substitua os pensamentos por uma bela sopa de legumes ou um lindo sorvete de chocolate para ver o que acontece...)
Este mesmo teste serve para lidar com situações bem mais complexas. Por exemplo, o médico precisa de um diagnóstico diferencial - seu paciente tem sintomas no fígado que tanto podem significar câncer quanto abcessos causados por amebas. Usando lâminas com amostras, ou mesmo representações gráficas de uma e outra hipótese, testa a força muscular do paciente quando em contato com elas e chega ao resultado. As reações são consideradas respostas do timo e o método, que tem sido demonstrado em congressos científicos ao redor do mundo, já é ensinado até na Universidade de São Paulo (USP), a médicos acupunturistas.
O detalhe curioso é que o timo fica encostadinho no coração, que acaba ganhando todos os créditos em relação a sentimentos, emoções, decisões, jeito de falar, jeito de escutar, estado de espírito... “Fiquei de coração apertadinho”, por exemplo, revela uma situação real do timo, que só por reflexo envolve o coração. O próprio chacra cardíaco, fonte energética de união e compaixão, tem muito mais a ver com o timo do que com o coração – e é nesse chacra que, segundo os ensinamentos budistas, se dá a passagem do estágio animal para o estágio humano.
“Lindo!”, você pode estar pensando, “mas e daí?” Daí que, se você quiser, pode exercitar o timo para aumentar sua produção de bem-estar e felicidade.
Como? Pela manhã, ao levantar, ou à noite, antes de dormir.
Fique de pé, os joelhos levemente dobrados. A distância entre os pés deve ser a mesma dos ombros. Ponha o peso do corpo sobre os dedos e não sobre o calcanhar, e mantenha toda a musculatura bem relaxada.
Feche qualquer uma das mãos e comece a dar pancadinhas contínuas com os nós dos dedos no centro do peito, marcando o ritmo assim: uma forte e duas fracas. Continue por três a cinco minutos, respirando calmamente enquanto observa a vibração produzida em toda a região torácica.
O exercício estará atraindo sangue e energia para o timo, fazendo-o crescer em vitalidade e beneficiando também pulmões, coração, brônquios e garganta. Ou seja, enchendo o peito de algo que já era seu e só estava esperando um olhar de reconhecimento para se transformar em coragem, calma, nutrição emocional, abraço.
Ótimo. Íntimo. Cheio de estímulo. Bendito timo.
Do livro - Meditando na Cozinha de Sonia Hirsch
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Conheçam a escritora Sonia Hirsch, ótima leitura...